30/11/2016

AFINAL.

"Sob sua luz parece nunca ter havido outro tempo
 senão este, espiral extrema.
Tudo estremesse: 
Dezembro soletro contra o muro do cimento fresco.
Que me seque a língua quando não puder
sentir a cigarra que zune entre os dentes
quando digo dezembro, dezembro repito
e como noutros dezembros 
outros homens pediram a Tyrme, o matador de gigantes,
a Kali, mãe divina, ao espírito de Ning-Ning.
Peço a dezembro: lembre-se de mim 
quando extinguir-se toda a juventude de meus anos;
esteja presente quando nas despedidas restar 
apenas a dor à porta de casa;
quando a canção emudecer, 
empalidecer a luz e até um grão de lentilha for um peso
lembre-se uma sílaba ao menos de mim, 
nos dias de lágrimas, nos dias de faca e de destruição, 
no dia em que todas as árvores caírem
e a teia corrente vier mais alta que meus golpes,
recorda-se de quando bebemos juntos nas cidades
e embriagados sonhamos, 
sobre o asfalto a erva de estepe.
Acúmulos de números apressados
que o vento embaralha num calendário
sem fim ou sentido, 
tudo deságua no presságio de que somos 
não mais que lembranças de dezembro,
uma espécie de semente, sim, 
que o tempo planta e colhe
e mói e torra e come.
Dezembros de dezembro,
dezembro é, AFINAL,
o nosso nome."

Canaã Ferraz

Dezembro chegou, estamos em fim de ano, novos planos, 
mas para se fazer novos planos precisamos deixar os planos que se foram, 
os que deram certo tudo bem, mas os que não deram eram porque não eram para dar certo mesmo.
Seguir em frente. enfrentar os dias como todos os de nossas vidas, 
de preferência, alegres e felizes.
Notícias ruins estamos vendo todos os dias, os que "se foram" estão resolvidos, 
os que ficaram terão de se resolver.
O poema acima diz tudo do que há para podermos enfrentar tudo,
enfrentar os nossos "dezembros"!
Abraços apertados em todos os que me dão o prazer de os aqui receber!

Ivone